Marte já teve oceano com praias de areia, dizem pesquisadores

NOVA YORK, 25 de fevereiro de 2025 (WAM) — Um grupo internacional de pesquisadores analisou dados coletados pelo rover chinês Zhurong e encontrou indícios de que Marte já teve praias, um oceano com ondas e ação dos ventos, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira.

Pesquisadores de universidades dos Estados Unidos e da China estudaram as informações enviadas pelo Zhurong, que pousou na região de Utopia Planitia em 2021. O rover foi projetado para procurar vestígios de água ou gelo antigos no planeta e utilizou radares de baixa e alta frequência para analisar a geologia da superfície marciana.

"Estamos encontrando locais em Marte que se parecem com antigas praias e deltas fluviais", afirmou Benjamin Cardenas, professor assistente de geologia da Universidade Penn State, nos Estados Unidos, e coautor do estudo. "Encontramos evidências de vento, ondas e muita areia – uma praia de verdade, digna de férias."

O artigo, publicado na revista científica Proceedings of the US National Academy of Sciences, aponta que há diversas observações sugerindo que grandes quantidades de água líquida existiram na superfície de Marte no passado, embora a natureza e o destino dessa água ainda sejam incertos.

Os pesquisadores afirmam que a descoberta reforça a hipótese da existência de um oceano nas planícies do norte de Marte. Segundo Cardenas, os dados revelaram camadas de sedimentos subterrâneos com uma estrutura similar à das praias da Terra, incluindo depósitos inclinados como se estivessem voltados para o oceano.

"Isso nos chamou atenção imediatamente porque sugere a presença de ondas, o que indica uma interação dinâmica entre o ar e a água", explicou Cardenas, acrescentando que a descoberta apoia a teoria de que um grande oceano já cobriu uma vasta região do polo norte marciano.

Michael Manga, pesquisador da Universidade da Califórnia, em Berkeley, destacou que o radar de penetração no solo do Zhurong permitiu um estudo detalhado do subsolo marciano, algo que antes não era possível. "Todos esses avanços incríveis na tecnologia possibilitaram a realização de ciência básica, revelando uma enorme quantidade de novas informações sobre Marte", afirmou.