DUBAI, 27 de maio de 2025 (WAM) – Abdulla bin Mohammed bin Butti Al Hamed, presidente do Escritório Nacional de Mídia e do Conselho de Mídia dos Emirados Árabes Unidos, afirmou que a adaptação às tecnologias emergentes e a compreensão sobre como lidar com elas determinam a competitividade e a relevância globais das instituições de mídia.
Durante painel ministerial realizado no segundo dia do Fórum Árabe de Mídia, que integra a Cúpula Árabe de Mídia 2025, em Dubai, Al Hamed destacou a transição global da mídia tradicional para plataformas tecnológicas e alertou que entidades que não abraçarem essa transformação estão fadadas a desaparecer. “Plataformas de mídia que não se adaptarem às tecnologias modernas vão desaparecer”, destacou. “Ainda estamos no início dessa transformação, que evolui de forma rápida e contínua. É preciso usar essas ferramentas de maneira responsável e consciente.”
O painel reuniu líderes árabes do setor, como Abdulrahman Al-Mutairi, ministro da Informação e Cultura do Kuwait; Ramzan bin Abdullah Al Noaimi, ministro da Informação do Bahrein; Ahmed El-Meslemany, presidente da Autoridade Nacional de Mídia do Egito; e Paul Morcos, ministro da Informação do Líbano. A mediação foi de Hind Al Naqbi, da Dubai Media Incorporated.
Desafios e respostas do mundo árabe
Al-Mutairi destacou que cerca de 70% do consumo de notícias ocorre pelas redes sociais, e defendeu a importância da agilidade, credibilidade e transparência para construir confiança junto ao público árabe. Segundo ele, essa credibilidade pode ser mantida por meio de códigos éticos e da coordenação estratégica entre instituições, garantindo conteúdo preciso e relevante.
El-Meslemany propôs uma nova visão de unidade árabe, baseada em valores e princípios compartilhados, e não em agendas ideológicas, com o objetivo de promover uma sociedade mais harmoniosa.
Paul Morcos defendeu o compartilhamento de conteúdo entre veículos árabes, como forma de facilitar a transição para modelos tecnológicos. Ele destacou que a cúpula oferece uma plataforma ideal para compartilhar experiências e desenvolver uma visão conjunta de cooperação midiática, especialmente diante dos desafios da inteligência artificial. Também pediu legislação atualizada para acompanhar os avanços tecnológicos.
Dr. Ramzan Al Noaimi enfatizou a necessidade de adotar o progresso tecnológico, em especial a IA, para produzir conteúdo árabe com maior impacto. Defendeu a alocação de recursos e tempo para explorar essas tecnologias, além de programas de capacitação para profissionais do setor. Segundo ele, é preciso transformar essas ferramentas em oportunidades — e não temê-las.
Ele sugeriu harmonizar as legislações de mídia e telecomunicações, dadas as interconexões entre os setores, e apontou a juventude como pilar central na transformação digital.
El-Meslemany afirmou que a mídia deve ser vista como parceira no progresso científico e no desenvolvimento, e não apenas como entretenimento.
Reforçando essa visão, Al Hamed destacou que as instituições precisam adaptar suas abordagens para alcançar comunidades em uma era digital, conquistando a confiança do público e respondendo às suas preocupações. Ele lembrou que veículos internacionais perderam até 60% da audiência, enquanto vozes individuais ganham cada vez mais influência.
Al Hamed também alertou para o fato de que muitas plataformas operam além das fronteiras nacionais, sem respeitar leis ou valores culturais locais. Segundo ele, é urgente adotar novas tecnologias, aprimorar o conteúdo e recuperar a confiança e a credibilidade do público.
Ele defendeu ainda a importância da alfabetização midiática entre os estudantes, para que saibam distinguir entre notícias reais e falsas e naveguem com segurança pelo ambiente digital.
Por fim, Al-Mutairi enfatizou a importância de resgatar a memória institucional e os sucessos do passado para orientar as estratégias futuras de desenvolvimento da mídia. Citou como exemplo o lançamento de novas plataformas no Kuwait, que acompanham os avanços tecnológicos sem abrir mão da identidade árabe.
“Quanto mais a mídia estiver alinhada com a consciência social, mais sustentável e progressista ela será”, concluiu.
Ele elogiou a Cúpula Árabe de Mídia por promover a troca de ideias e fortalecer a preparação das instituições da região para o futuro.