Painéis do Fórum de Mídia Árabe destacam o poder das histórias humanas

DUBAI, 28 de maio de 2025 (WAM) — Uma sessão intitulada “Cidade das histórias” foi realizada no segundo dia do Fórum de Cinema e Jogos Digitais, organizado pela Comissão de Cinema e Jogos Digitais de Dubai sob a supervisão do Conselho de Mídia de Dubai, como parte da Cúpula Árabe de Mídia 2025.

A sessão reuniu o cineasta emiradense Ali Mostafa e foi moderada por Ahmad Abdullah, diretor do canal Dubai TV, em um debate dinâmico com ampla participação de diretores, criadores de conteúdo e profissionais dos setores de cinema e jogos digitais.

Foi exibido um trailer de City of Life Continuum, a sequência de The City of Life, filme de estreia de Mostafa lançado em 2009. A obra original marcou um divisor de águas no cinema dos Emirados ao se tornar a primeira produção local a alcançar sucesso de bilheteria, coincidindo com os primeiros esforços do país para estabelecer um setor audiovisual doméstico.

Durante a sessão, Mostafa afirmou que Dubai continua repleta de histórias ainda não contadas e que somente diretores emiradenses podem retratar com autenticidade a alma e a diversidade da cidade. “Conhecemos nossas tradições, e se um estrangeiro quiser fazer um filme sobre os emiradenses, devemos ser nós os responsáveis por isso — claro, dependendo da história”, disse.

A sessão explorou a produção de City of Life Continuum, concebida para mostrar a alma e a diversidade de Dubai.

O diretor ressaltou a importância da experiência prática em detrimento do conhecimento teórico no cinema e insinuou planos para projetos futuros, incluindo uma possível série baseada na marca consolidada de The City of Life.

Mostafa deu a entender que pode realizar um terceiro filme da franquia. “Mesmo que eu não faça uma terceira parte, posso transformar em série. Poderia criar uma série com dez episódios, cada um retratando dez nacionalidades diferentes e como vivem em Dubai”, disse.

Outra sessão do fórum, intitulada “A ascensão do drama na era digital”, abordou como o drama árabe vem se adaptando à era digital. Moderado por Sarah Dandrawi, da Al Arabiya, o painel contou com a participação do diretor egípcio Mohamed Sami; de Tariq Al Ibrahim, diretor da MBCI e do MBC Drama, e diretor de conteúdo do Shahid; além de Ahmed Qandil, diretor da área de negócios diretos ao consumidor do Shahid.

Os painelistas concordaram que, embora a tecnologia esteja mudando a forma como as histórias são produzidas e consumidas, os enredos humanos, enraizados na realidade social, continuam sendo seu ativo mais poderoso e duradouro.

Mohamed Sami afirmou que, mesmo com a mudança nos meios de consumo, os fundamentos de um drama bem-sucedido permanecem os mesmos. “O mundo árabe aprecia histórias humanas — dramas que refletem a vida em família e as realidades sociais”, disse. “Sejam transmitidas por streaming ou em canais tradicionais, essas são as histórias que mais tocam o público.” Acrescentou que essas narrativas têm apelo que transcende fronteiras nacionais e culturais, tanto regional quanto internacionalmente.

Ele destacou que muitas das séries de maior sucesso nas plataformas de streaming ainda seguem o estilo tradicional de contar histórias da TV, especialmente o formato associado aos dramas de Ramadã: arcos emocionais, ritmo familiar e temas acessíveis.

“Conteúdo que faz sucesso na TV, por ser voltado a toda a família, também funciona bem nas plataformas digitais — mas o contrário não é verdadeiro. Um conteúdo pensado para o digital nem sempre terá êxito na TV.”

Al Ibrahim concordou, observando que as plataformas digitais sob demanda oferecem maior liberdade criativa em comparação com a televisão tradicional, que geralmente busca agradar a toda a família. Ele explicou que as plataformas permitem narrativas mais ousadas e temas mais variados, graças à segmentação de público e ao maior controle do espectador.

Al Ibrahim ressaltou que a boa escrita continua sendo a base de qualquer produção de sucesso, independentemente do meio ou formato. Segundo ele, criar conteúdo eficaz exige um processo holístico e alinhado entre roteiristas, diretores, equipes de dados, produtores e executivos das plataformas.

Os participantes concordaram que o sucesso criativo depende dessa sinergia colaborativa. Mohamed Sami definiu o processo de produção como “uma corrente de confiança e colaboração”, unida pelo objetivo comum de entregar conteúdo que tenha ressonância artística e comercial.

Complementando, Qandil defendeu que as produções regionais precisam estar no mesmo nível das produções internacionais, tanto em qualidade quanto em narrativa, para manter a relevância e competir globalmente. Ele apontou a influência crescente dos dados e das análises de público nas decisões de produção — desde o tipo e o tom das histórias até o tempo de duração e a programação dos lançamentos. “Hoje, é preciso ler os números — entender ao que o público assiste, por quanto tempo se mantém engajado e o que quer ver mais. Isso é o que guia nossas escolhas.”