Ataque israelense próximo a centro de ajuda em Rafah deixa 24 mortos e 200 feridos

GAZA, 3 de junho de 2025 (WAM) — Pelo menos 24 civis palestinos morreram e mais de 200 ficaram feridos nesta terça-feira (03/06), após forças israelenses atacarem milhares de deslocados que aguardavam ajuda humanitária na região oeste da cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza.

Segundo jornalistas locais, artilharia e aviões de guerra israelenses atacaram multidões reunidas nas proximidades da rotatória de Al-Alam, onde está localizado um centro de distribuição de ajuda humanitária. As vítimas estavam entre os que aguardavam assistência emergencial.

A organização Médicos Sem Fronteiras confirmou que dezenas de palestinos foram mortos em pontos de distribuição de ajuda apoiados por Estados Unidos e Israel. A entidade alertou que esses episódios recentes evidenciam a desumanidade e a ineficácia do novo sistema de entrega de ajuda, classificado como extremamente perigoso.

Com os bancos de sangue quase esgotados, equipes médicas no local foram obrigadas a doar sangue para socorrer os feridos. A organização destacou que a instrumentalização da ajuda humanitária dessa forma pode configurar crime contra a humanidade.

O comissário-geral da Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), Philippe Lazzarini, condenou o novo mecanismo de entrega de ajuda, chamando-o de “armadilha mortal”. Ele pediu que Israel suspenda o bloqueio e permita acesso seguro e irrestrito para que a ONU possa entregar e distribuir ajuda humanitária em toda a Faixa de Gaza.

Lazzarini enfatizou que a ONU precisa ter liberdade para operar de forma independente, a fim de evitar uma fome generalizada, especialmente entre as 1 milhão de crianças em Gaza. Também apelou para que Israel autorize o acesso da imprensa internacional ao território para relatar as atrocidades em curso.

O comissário observou que, sob o novo sistema, a distribuição de ajuda foi reduzida a apenas três ou quatro locais, forçando civis a percorrer longas distâncias em condições perigosas. Antes, a distribuição ocorria em cerca de 400 pontos. Desde o início da guerra, 310 funcionários da UNRWA já morreram.

Desde 7 de outubro de 2023, operações militares israelenses em Gaza mataram 54.470 palestinos — a maioria mulheres e crianças — e feriram outros 124.693, de acordo com os dados mais recentes. Acredita-se que o número real de mortos seja ainda maior, já que muitas vítimas seguem sob os escombros ou em áreas inacessíveis devido aos bombardeios contínuos.