Ministro dos Emirados defende investimento coordenado para atender demanda energética da inteligência artificial em fórum em Washington

WASHINGTON, 18 de junho de 2025 (WAM) – O ministro da Indústria e Tecnologia Avançada dos Emirados Árabes Unidos, diretor-geral e CEO do grupo ADNOC e presidente executivo da XRG, Sultan bin Ahmed Al Jaber, defendeu a necessidade de os setores de energia, tecnologia, finanças e formulação de políticas trabalharem de forma coordenada para aproveitar a oportunidade de investimento única gerada pela inteligência artificial (IA).

Durante discurso principal em Washington, na nona edição do Fórum Global de Energia do Atlantic Council, diante de autoridades e líderes do setor, Al Jaber descreveu a inteligência artificial como o próximo estágio da evolução humana — e destacou que atender às suas exigências energéticas exigirá uma transformação igualmente profunda em políticas públicas, investimentos e infraestrutura.

“A corrida pela supremacia em IA não diz respeito apenas a códigos — trata-se de gigawatts”, afirmou.

“Cada avanço em IA consome mais energia. E, neste momento, os sistemas energéticos globais não estão preparados.” Al Jaber observou que os Estados Unidos, sozinhos, podem precisar de 50 a 150 gigawatts de nova capacidade energética até 2030, dependendo da fonte de energia — o equivalente ao consumo total de dezenas de grandes cidades.

Para enfrentar esse desafio, o ministro apresentou um roteiro sistêmico — desenvolvido em parceria com a XRG, a MGX e o Atlantic Council — que prevê aceleração de processos de licenciamento, modernização das redes de distribuição e investimentos estratégicos em gás, energia nuclear e fontes renováveis.

“Não se pode operar a tecnologia de amanhã com a rede elétrica de ontem”, disse.

“Atrasos em licenciamento e gargalos nas cadeias de suprimento agora ameaçam o progresso. A política pública deve ajudar, não atrapalhar.”

Al Jaber destacou que o tamanho da oportunidade é imenso — e que a chave para aproveitá-la é a parceria. Por isso, segundo ele, os Emirados Árabes Unidos e os Estados Unidos desfrutam hoje de uma “parceria poderosa” em todos os setores.

“Para nós, os Estados Unidos não são apenas um parceiro — são uma prioridade de investimento”, acrescentou Al Jaber.

“Empresas norte-americanas estão entre as maiores concessionárias dos Emirados Árabes Unidos, atuando desde a exploração até a distribuição. Atualmente, o setor energético emiradense colabora com empresas dos EUA em 18 estados e 50 instalações, abrangendo gás, produtos químicos, infraestrutura e soluções energéticas.”

“A XRG é parceira-âncora na maior instalação de GNL do Texas. Produzimos produtos químicos especiais em todo o país. E nossa empresa de energia renovável, a Masdar, já desenvolveu 5,5 GW de capacidade operacional de costa a costa. E estamos apenas começando. Para apoiar essa ambição, abrimos um escritório conjunto da XRG/Masdar aqui mesmo em Washington.”

Al Jaber destacou que um único novo centro de dados pode consumir tanta eletricidade quanto uma cidade do tamanho de Pittsburgh.

“Suprir essa demanda não é apenas um desafio técnico — é uma oportunidade de investimento única em uma geração. Uma oportunidade que exige uma mudança sistêmica, com os setores de energia, tecnologia, finanças e políticas públicas atuando em sincronia”, afirmou.

O ministro defendeu que “na era dos hyperscalers, precisamos hiperdimensionar a energia”, defendendo fontes confiáveis de base como gás e energia nuclear, com apoio de renováveis, armazenamento energético e soluções emergentes como reatores modulares pequenos (SMRs, na sigla em inglês) e fusão nuclear. Ele também propôs uma “pausa pragmática” na aposentadoria precoce de usinas existentes, ao mesmo tempo em que se expande a capacidade nuclear.

Al Jaber ressaltou ainda que modernizar a entrega de energia é igualmente urgente. “O tempo de espera por componentes-chave, como transformadores, pode ultrapassar três anos. Isso não é apenas um problema de cadeia de suprimentos — é um gargalo para o crescimento industrial. Para liberar esse potencial, é necessário reformar o licenciamento, capacitar a força de trabalho e viabilizar capital de risco reduzido.”

A autoridade dos Emirados observou que o setor de tecnologia opera em horizontes trimestrais; o setor de energia, em cronogramas que duram décadas. "Precisamos encurtar essa distância. Precisamos reduzir os riscos de grandes investimentos em capital, e a política pública deve ajudar, não dificultar o progresso. Atualmente, há 2.600 GW de capacidade planejada em todo o mundo esperando por conexão. Precisamos tirar esse gargalo da rede.”

Explicando que a geração de energia “é apenas metade da equação” e que “entregar essa energia ao consumidor final é a outra, ainda mais complexa”, defendeu esforços para treinar um milhão de novos eletricistas para a rede elétrica do século 21 e liberar o potencial da própria IA para ajudar a gerenciar sistemas energéticos de forma mais eficiente.

Ao abordar a situação no Oriente Médio e seu impacto sobre a segurança regional e energética, Al Jaber enfatizou que os Emirados Árabes Unidos sempre defenderão o diálogo, a redução de tensões e a diplomacia para a resolução de disputas — e conclamou todas as partes a exercerem moderação, respeitarem a soberania dos Estados e cumprirem o direito internacional.

Ao concluir sua fala, Al Jaber pediu maior colaboração para aproveitar plenamente o potencial da inteligência artificial e destravar oportunidades econômicas significativas. “Para realizar todo o poder da IA, é preciso dar a ela a energia de que necessita. Isso começa com um roteiro coordenado, aplicado localmente e escalado globalmente. Precisamos de políticas que abram caminhos, infraestrutura que suporte a carga e investimentos à altura do momento.”

“IA e energia são os motores gêmeos do progresso. Dois motores. Um só destino. Rumo acelerado ao futuro.”

Al Jaber discursou um dia após coordenar o segundo Fórum ENACT em Washington. A reunião no estilo majlis reuniu líderes dos setores de energia, tecnologia, finanças e governo, com o objetivo de avançar uma agenda de ação intersetorial para atender à demanda energética impulsionada pela IA, acelerar investimentos em infraestrutura e implementar soluções sistêmicas com velocidade e escala.

Com base nessas discussões, foi lançado um novo roteiro de ação intersetorial intitulado “Fornecendo Energia para o Próximo Grande Salto no Progresso Humano”. O documento apresenta as oportunidades e soluções integradas necessárias tanto para lidar com o aumento imediato da demanda energética decorrente do crescimento acelerado dos centros de dados baseados em IA quanto para orientar investimentos de longo prazo que construam um sistema energético mais inteligente, resiliente e eficiente.

O relatório destaca abordagens práticas para toda a cadeia de valor da energia, oportunidades de investimento e de políticas públicas — muitas delas impulsionadas pela própria inteligência artificial. Inclui a otimização da capacidade de geração existente, a modernização e expansão das redes elétricas, o incentivo à gestão de demanda, a escolha estratégica de locais para novos centros de dados e o impulso a tecnologias de próxima geração. O plano ressalta a necessidade de ações ousadas e sistêmicas para garantir que todo o potencial transformador da IA possa ser plenamente concretizado.