DUBAI, 11 de fevereiro de 2025 (WAM) – Mohammad Abdullah Al Gergawi, ministro dos Assuntos do Gabinete e presidente da Cúpula Mundial de Governos (WGS, na sigla em inglês), afirmou que a humanidade se encontra em um momento decisivo, tendo completado 25 anos de um milênio marcado por grandes transformações tecnológicas, econômicas e sociais. Embora os últimos 25 anos tenham sido turbulentos, eles também foram palco de avanços extraordinários.
Em seu discurso de abertura na Cúpula Mundial de Governos, Al Gergawi destacou que o progresso dos próximos 25 anos superará todas as conquistas anteriores da humanidade e enfatizou que “nosso futuro será moldado pelas decisões que tomamos hoje. O futuro é o resultado das escolhas do presente, informadas pelo passado e preparadas para o que está por vir”.
Al Gergawi afirmou que “uma das principais lições da história é que o futuro será totalmente diferente do passado. Os governos devem estar preparados para as mudanças econômicas e tecnológicas transformadoras, pois o que nos espera é uma nova história sendo escrita, com suas próprias regras”.
A autoridade acrescentou que as rápidas mudanças testemunhadas pelo mundo não foram meros eventos passageiros, mas lições acumuladas. "Apenas os governos que analisam o passado, em vez de apenas documentá-lo, serão capazes de moldar o futuro.”
“Aqueles que não aprendem com a história estão condenados a repetir seus erros”, enfatizou Al Gergawi.
Diante do público da cúpula, Al Gergawi fez um balanço dos últimos 25 anos, destacando algumas das mais significativas transformações da humanidade. Ele observou que, após um quarto de século de compromissos de governos, nações e organizações para criar um futuro melhor, é fundamental questionar: onde estamos hoje em relação a essas aspirações? Que oportunidades os governos perderam e quais potencialidades conseguiram aproveitar?
Apesar dos desafios, os últimos 25 anos foram um período de intensa transformação. A população mundial cresceu para aproximadamente 8,2 bilhões de pessoas, enquanto a economia global saltou de US$ 34 trilhões para US$ 115 trilhões em 2024. O comércio internacional expandiu-se quase cinco vezes, passando de US$ 7 trilhões para US$ 33 trilhões.
O cenário econômico passou do domínio das indústrias tradicionais, como petróleo, manufatura pesada e serviços financeiros, para corporações tecnológicas e plataformas digitais. Além disso, China e Índia emergiram como potências econômicas crescentes, equilibrando o declínio de algumas nações industrializadas.
Em 2000, a globalização era vista com otimismo, mas, com o avanço do populismo, muitas nações adotaram políticas isolacionistas, levando a uma fragmentação global.
“Em 2000, menos de 7% da população mundial utilizava a internet; hoje, esse percentual ultrapassa 60%”, destacou Al Gergawi. “As criptomoedas, que não tinham valor de mercado há 25 anos, agora ultrapassam US$ 3 trilhões”. Ele também lembrou que sistemas militares baseados em robôs e inteligência artificial, antes limitados à ficção científica, são agora uma realidade, com guerras sendo travadas por meio de drones e armas autônomas. “Se antes o maior temor global era a guerra nuclear, agora enfrentamos também os riscos de conflitos cibernéticos e biológicos”, disse.
Diante dessas mudanças, Al Gergawi fez uma pergunta crítica ao público da cúpula: “E se as nossas decisões, como humanidade, governos e sociedades, tivessem sido diferentes nos últimos 25 anos?”
Ele apresentou quatro realidades moldadas por decisões passadas.
Mais de 2 milhões de pessoas perderam a vida em guerras e conflitos, e aproximadamente 120 milhões tornaram-se refugiados deslocados. Apenas 4% dos conflitos resultaram em acordos de paz. “E se a paz tivesse sido priorizada em vez da violência, e a diplomacia prevalecesse sobre soluções militares?”, questionou Al Gergawi.
O crescimento econômico, por si só, não resultou em maior bem-estar, evidenciado pelo aumento dos casos de depressão e doenças mentais, que hoje afetam 280 milhões de pessoas e custam à economia global cerca de US$ 1 trilhão por ano. “E se os governos tivessem focado na ‘qualidade do crescimento’, em vez de apenas na sua ‘quantidade’?”, provocou Al Gergawi.
A confiança nos governos declinou mundialmente entre 2000 e 2025, e apenas 52% da população global afirma confiar em seus líderes, de acordo com o índice "Confiança no Governo". “E se, nos últimos 25 anos, construir confiança tivesse sido uma prioridade?”, perguntou, ressaltando que a confiança é o pilar central da governança.
Apesar do progresso, 630 milhões de pessoas ainda vivem na pobreza. Erradicar a fome, garantir educação universal e melhorar a saúde global exigiria cerca de US$ 800 bilhões anuais. “E se motivações voltadas ao ser humano tivessem guiado a agenda global nas últimas duas décadas?”, questionou Al Gergawi, destacando que os Emirados Árabes Unidos destinam 1,5% do PIB anual para ajuda humanitária e desenvolvimento. “A decisão está em nossas mãos. Nosso futuro não precisa de milagres, mas sim de um compromisso real com os valores humanos”.
Al Gergawi então apresentou projeções para os próximos 25 anos. Até 2050, a população mundial atingirá 10 bilhões de pessoas, com crescimento significativo na África e na Ásia. Mais de 20% da população mundial terá mais de 60 anos, exigindo avanços nos sistemas de saúde e proteção social. Haverá mais de 20 bilhões de robôs servindo os humanos, transformando o estilo de vida, o mercado de trabalho e as sociedades.
O espaço se tornará parte essencial da vida humana, com a economia espacial projetada para alcançar US$ 4 trilhões. O avanço da tecnologia ampliará as capacidades humanas, reformulará a educação, prolongará a expectativa de vida e solucionará desafios antes considerados impossíveis.
“Estamos entrando em uma fase completamente nova da humanidade. A inteligência artificial ainda está em sua infância, como um embrião em formação. Por 30 mil anos, os seres humanos foram os únicos capazes de pensar, analisar, criar e comandar. Hoje, pela primeira vez na história, surge algo que pode rivalizar com as capacidades cognitivas e criativas humanas — e talvez até superá-las significativamente”, afirmou Al Gergawi.
A nova fase exige novas ferramentas, abordagens e visões, disse. A autoridade concluiu afirmando que "os próximos 25 anos trarão avanços sem precedentes, redefinindo o curso da história da humanidade. Nosso futuro será determinado pelas decisões que tomarmos hoje, pois o destino da humanidade é um conjunto de escolhas feitas por governos, organizações, empresas e indivíduos."