Chefe da ONU rejeita deslocamento forçado de palestinos em Gaza

Bagdá, 17 de maio de 2025 (WAM) – O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, manifestou profunda preocupação com relatos sobre a intenção de Israel de expandir suas operações terrestres na Faixa de Gaza, reiterando a firme oposição da ONU a qualquer mecanismo de assistência humanitária que não esteja em conformidade com o direito internacional e com os princípios humanitários fundamentais: humanidade, imparcialidade, independência e neutralidade.

Durante discurso na Cúpula Árabe em Bagdá neste sábado (17/5), Guterres rejeitou categoricamente qualquer tentativa de “repetido deslocamento da população de Gaza — ou qualquer ideia de removê-los à força para fora do território”. Ele fez um apelo contundente por um cessar-fogo imediato e duradouro, pela libertação incondicional de todos os reféns e pelo acesso irrestrito da ajuda humanitária, além do fim do bloqueio imposto à região.

Ao abordar a situação na Cisjordânia, Guterres alertou para a gravidade da crise no território e fez um chamado à comunidade internacional para não ignorá-la. “Sejamos claros: a anexação é ilegal. Os assentamentos são ilegais. A solução de dois Estados continua sendo o único caminho viável para uma paz sustentável.” Ele destacou a importância da conferência de alto nível sobre a solução de dois Estados, prevista para junho, classificando-a como “uma oportunidade relevante”.

Sobre o Líbano, o secretário-geral reafirmou a importância de respeitar a soberania e a integridade territorial do país, enfatizando a necessidade de o governo libanês assumir pleno controle de todo o seu território nacional. Guterres saudou os compromissos assumidos por autoridades libanesas de manter o armamento sob controle exclusivo do Estado e encorajou o avanço nas reformas internas. Também apoiou a implantação das Forças Armadas do Líbano no sul do país, com o auxílio da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL).

Em relação à Síria, Guterres reiterou o compromisso com a soberania, independência, unidade e integridade territorial do país. Reforçou o apelo por um processo político abrangente e liderado pelos próprios sírios, com base na Resolução 2254 do Conselho de Segurança da ONU. Segundo ele, essa é a melhor chance para alcançar paz, democracia e recuperação econômica, incluindo o levantamento das sanções.

O chefe da ONU elogiou o Iraque por fortalecer suas instituições, resolver disputas internas por meio do diálogo e avançar nas áreas de ajuda humanitária, desenvolvimento sustentável e direitos humanos. Disse esperar que todas as pendências sejam resolvidas de forma justa e confirmou que a Missão de Assistência das Nações Unidas para o Iraque (UNAMI), que acompanhou o país em sua trajetória, está comprometida com a conclusão de seu mandato até o final do ano. A ONU, destacou, continuará apoiando o governo e o povo iraquiano em sua busca por paz, democracia e prosperidade.

Sobre o Iêmen, Guterres destacou os danos significativos causados pelos ataques houthis no mar Vermelho às economias regionais e globais, enfatizando a necessidade urgente de pôr fim ao ciclo de violência.

Ao tratar da crise no Sudão, o secretário-geral ressaltou a urgência de uma cooperação multilateral renovada e coordenada para pôr fim à violência devastadora, à fome e ao deslocamento em massa no país.

Quanto à Líbia, Guterres afirmou que as Nações Unidas seguem engajadas com atores nacionais e internacionais para proteger a independência das instituições de controle, remover os obstáculos às eleições nacionais e construir um caminho rumo à estabilidade e prosperidade de longo prazo, em linha com as necessidades e aspirações do povo líbio.

Por fim, ele destacou a importância da unidade na Somália e a necessidade de um diálogo nacional inclusivo para garantir a estabilidade do país.