BAGDÁ, 17 de maio de 2025 (WAM) – Os líderes árabes elogiaram a visão abrangente apresentada pelo Iraque durante a 34ª Cúpula Árabe, realizada em Bagdá, classificando suas propostas como ponto de partida essencial para o fortalecimento da ação conjunta frente aos desafios comuns e para a promoção do desenvolvimento, da estabilidade e da prosperidade em toda a região árabe.
Na Declaração de Bagdá, divulgada ao final da cúpula e também da 5ª Cúpula Árabe de Desenvolvimento Econômico e Social, também sediada na capital iraquiana, os participantes reconheceram as iniciativas iraquianas como um pilar estratégico para o avanço da solidariedade e integração árabe, capazes de promover uma mudança qualitativa nos esforços coletivos do mundo árabe.
O documento enalteceu a liderança do Iraque na organização dos dois encontros e expressou apreço pelos avanços do país em desenvolvimento econômico, além de seu papel efetivo em defesa das causas árabes e da cooperação em diversos campos.
Entre as principais propostas anunciadas, destacou-se o lançamento de um Fundo Árabe de Apoio à Reconstrução Pós-Crise, com o governo iraquiano comprometendo-se com uma contribuição de US$ 40 milhões — metade destinada à ajuda humanitária e à reconstrução de Gaza, e a outra metade aos esforços de reconstrução no Líbano.
O Iraque também apresentou uma iniciativa conjunta de apoio ao povo sírio, voltada à viabilização de uma transição política abrangente e à construção de um sistema democrático que assegure direitos e liberdades. A proposta inclui a convocação de uma conferência internacional para tratar da reconstrução da Síria e do retorno seguro e digno de refugiados e deslocados.
A declaração acolheu ainda o convite iraquiano à participação no Projeto Estrada do Desenvolvimento, iniciativa estratégica destinada a conectar os países árabes aos mercados globais, promovendo a integração econômica regional. Também foi proposta a criação de uma Carta de Reforma Econômica Árabe para a próxima década, com o objetivo de consolidar um espaço econômico competitivo e integrado, com parcerias público-privadas e foco em justiça social e sustentabilidade ambiental.
No campo da segurança alimentar, o Iraque propôs uma iniciativa para a produção de grãos, baseada em políticas agrícolas e hídricas sustentáveis, com apoio à pesquisa e ao planejamento de longo prazo para preservar recursos naturais às futuras gerações.
Na área tecnológica, foram apresentadas iniciativas em inteligência artificial, incluindo a criação de um Centro Regional de IA em Bagdá e um programa de pesquisa em tecnologias avançadas, voltado à segurança digital e ao desenvolvimento do conhecimento, respeitando valores éticos e culturais.
Outra proposta de destaque foi a formação de uma Aliança Árabe para a Proteção dos Recursos Hídricos, com o intuito de enfrentar a escassez de água e os impactos das mudanças climáticas, além de garantir os direitos hídricos árabes em um contexto de segurança regional.
No campo ambiental, Bagdá lançou uma iniciativa regional para o combate às mudanças climáticas, adaptada às realidades do mundo árabe, e propôs a criação de um centro para a proteção ambiental contra os resíduos de guerra, a fim de apoiar os países afetados por conflitos armados na remoção de minas e outros materiais perigosos.
No âmbito da segurança, o Iraque propôs o estabelecimento de um Centro Regional de Combate ao Terrorismo e à Prevenção do Extremismo Violento, com sede em Bagdá e financiamento próprio. A proposta inclui ainda a criação de uma sala conjunta de coordenação da segurança árabe, com o objetivo de unificar estratégias frente às ameaças regionais.
Foram também anunciadas propostas para a criação de dois centros especializados: um voltado ao combate ao tráfico de drogas e outro ao crime organizado, com o intuito de fortalecer as capacidades árabes diante de ameaças transfronteiriças.
A declaração também acolheu positivamente a proposta de ampliar a cooperação com o Grupo de Ação Financeira do Oriente Médio e Norte da África (MENAFATF), com foco no combate à lavagem de dinheiro, financiamento do terrorismo e atividades financeiras ilícitas.
No campo cultural e social, o Iraque propôs a criação de um Conselho Árabe para o Diálogo Cultural e Popular, voltado ao fortalecimento da compreensão mútua entre os povos árabes e ao aprofundamento dos laços comunitários.
Outras propostas incluíram a criação de refúgios seguros para vítimas de desastres e conflitos, bem como a formação de um fundo para apoiar projetos habitacionais e de reconstrução em áreas afetadas por crises, com o objetivo de garantir maior segurança habitacional às populações atingidas.