Paisagem paleolítica de Faya avança em candidatura à Lista do Patrimônio Mundial da Unesco

SHARJAH, 25 de maio de 2025 (WAM) — Os Emirados Árabes Unidos alcançaram mais um marco em sua trajetória cultural e científica com o avanço da candidatura da Paisagem Paleolítica de Faya, localizada na Região Central de Sharjah, para inclusão na Lista do Patrimônio Mundial da Unesco. O sítio arqueológico, um dos mais antigos e contínuos registros da presença humana primitiva no mundo, remonta a mais de 210 mil anos.

Formalmente submetida à Unesco em 2024, na categoria de “Paisagem Cultural”, a candidatura de Faya está agora em fase de avaliação pelo Centro do Patrimônio Mundial. O local é reconhecido não apenas por sua relevância arqueológica, mas também pelo potencial de transformar a compreensão global sobre como os primeiros humanos viveram em ambientes áridos, migraram e evoluíram no sudeste da Península Arábica.

A campanha internacional para a candidatura de Faya é liderada pela xeica Bodour bint Sultan Al Qasimi, embaixadora oficial do dossiê. Sua atuação representa um esforço nacional coletivo para elevar o reconhecimento global do sítio, reafirmando o protagonismo dos Emirados na preservação do patrimônio, na diplomacia cultural e no avanço científico.

“Faya reúne um dos registros mais antigos e completos da presença humana primitiva na Arábia — um arquivo vivo que aprofunda nossa compreensão sobre quem somos, de onde viemos e como aprendemos a sobreviver”, afirmou a xeica Bodour. Segundo ela, “a candidatura de Faya à Lista da Unesco reforça a importância de preservar sítios antigos não apenas por seu valor histórico, mas também por sua capacidade de educar as futuras gerações. Considero essa candidatura uma oportunidade de transformar Faya em um legado compartilhado por toda a humanidade.”

Enquanto muitas regiões áridas da Arábia foram vistas como meros corredores de migração, pesquisas multidisciplinares conduzidas pela Autoridade de Arqueologia de Sharjah (SAA), em parceria com a Universidade de Tübingen (estudos de pré-história) e a Universidade Oxford Brookes (estudos paleoambientais), confirmaram que Faya foi um ponto de destino para assentamentos humanos durante períodos de clima mais favorável.

A disponibilidade de recursos essenciais — água de nascentes e cursos sazonais, matéria-prima como sílex para fabricação de ferramentas e abrigo nas formações rochosas — permitiu ocupações humanas prolongadas.

Ao longo de 30 anos de escavações, arqueólogos identificaram 18 camadas distintas de solo, cada uma representando diferentes fases de ocupação humana, fornecendo insights inéditos sobre migração e adaptação. Esses achados mudam paradigmas e consolidam Faya como o registro mais detalhado da vida humana antiga na Península Arábica.

Com base nessas descobertas, foi estabelecido o Valor Universal Excepcional (VUE) do sítio — critério essencial para sua inscrição na lista da Unesco.

Eisa Yousif, diretor da Autoridade de Arqueologia de Sharjah, destacou que a preservação de Faya está garantida pela Lei de Patrimônio Cultural de Sharjah (Lei nº 4/2020), que assegura a proteção do sítio para as futuras gerações. “Mais de três décadas de pesquisas minuciosas revelaram 18 camadas arqueológicas do Período da Pedra, revelando uma história rica de evolução, adaptação e sobrevivência humana em pleno território de Sharjah”, afirmou.

“Ao avançarmos na candidatura de Faya à Unesco, é importante enfatizar que esse é um projeto global. Conectamos o passado ao presente, e Faya passa a integrar o patrimônio arqueológico da humanidade — não apenas de Sharjah ou dos Emirados”, completou Yousif.

Os Emirados elaboraram um plano abrangente de gestão para a Paisagem de Faya, que orientará ações de conservação, pesquisa e visitação entre 2024 e 2030. O plano segue os padrões internacionais da Unesco, garantindo que o sítio seja preservado, ao mesmo tempo em que permanece acessível para exploração científica e educação.